(…) Amor é mesmo
aquela sensação de voltar para casa.
Adormecer lado a lado
é a grande prova. no dia seguinte,
acordar e sentir que está levando alguém com você.
Descobrir um sorriso ridículo no canto da boca.
Pronto, encaixou. Feito pecinhas de Lego: diferentes,
mas vindas do mesmo mundo.
Lego é gostoso. Quebra-cabeça não.
Amor não é desejo: é feito de. Amor é feito de amor, mas não só.
Amor não tem razão.
Ninguém ama pelas qualidades do outro, nem apesar dos seus
defeitos.
Ama porque o outro é o outro e pronto.
Amor é pacote completo.
Você sabe que é amor quando se descobre cúmplice.
Quando tem a coragem de se mostrar.
E de se ver.
O outro é um espelho.
Vai encarar?
Você sabe que é amor quando se entrega.
Mas é melhor guardar algo para si mesmo.
Amor não pode ser só para o outro.
Amor é o exercício do não ter.
Amar e não ter nada em troca.
Porque se é amor, não é em troca.
Amor não serve para nada, não garante nada.
Como as boas coisas da vida.
Amor é presença e é falta.
Uma não vive sem a outra.
Amor é liberdade. Gostoso é saber que o outro,
com tantas opções, escolheu você mais uma vez.
O que fazer para que amanhã ele faça a mesma escolha?
Mantenha-se distraído.
Amor é feito de hoje.
Da arte de não fazer tudo sempre igual.
Da construção.
Como revestir parede com aquelas pastilhas bem pequenininhas.
No amor é preciso colocar uma por uma.
Sem pressa de ver pronto.
Para mim, é esse o sentido de amar como se não houvesse amanhã. (…)
Uma convicção: amor é delicadeza.
- Cristiana Guerra -